Quarenta anos antes de Hideo Nakata, Takashi Shimizu, Takashi Miike e tantos outros cineastas japoneses de terror, o Japão já produzia filmes assustadores sobre o sobrenatural. É o caso de "Kwaidan" e "Onibaba", dois exemplares de obras fantásticas da "terra do sol nascente". E a propósito, ambas da década de 60. Diferente dos filmes de monstros tal como Godzilla e afins, essas películas tinham um caráter menos mercadológico e mais artístico. Claro, sem deixar o clima de terror como segundo plano. Kaneto Shindô dirigiu o já citado "Onibaba", que é considerado por muitos como a maior obra fantástica do Japão. Apesar de seu dinamismo quanto a gêneros, Shindô ficou mais conhecido pelo horror. "O Gato Preto" (Yabu no naka no kuroneko) é seu segundo filme mais relevante. Como "Onibaba", o cineasta japonês dirige uma trama surrealista e assutadora, usando poesia e muitos ângulos de câmera diferenciados.
Duas mulheres são brutalmente assassinadas após serem vítimas de um bando de samurais esfomeados e sedentos por sexo. Do além elas juram vingança e prometem aos demônios matarem todos os samurais que conseguirem. A cena da primeira vítima é densa e muito bem elaborada. Uma das criaturas fantasmagóricas é uma jovem moça que teve seu marido capturado por guerreiros samurais. Ela vive com a sogra, e consequentemente são mortas juntas. Sedentas por vingança, elas não perdoam nenhum homem. A jovem seduz a vítima e depois mata-o com uma mordida na jugular. Após a morte, o espírito chupa seu sangue, como oferenda aos demônios vingativos.
Segue-se o ritual macabro até o dia em que o filho e o marido das duas almas penadas chega ao local como um samurai. Nessa parte da trama, Shindô abusa de poesia ao mostrar a peculiar relação das mortas com o homem que elas amam. "O Gato Preto" ganha traços de crítica ao machismo nipônico, desde os longínquos tempos dos samurais. O horror e sofrimento que o sexo feminino passou durante as guerras à espera de seus homens, é retratado de forma genial pelo diretor, que também escreveu o filme.
Além das impecáveis atuações dos protagonistas, o "O Gato Preto" conta com uma ótima fotografia, além é claro de uma medonha (no bom sentido) trilha sonora. Os instrumentos musicais usados, claramente são os mesmos da música popular japonesa, incluindo bambus.
Apesar de ser terror e do clima fantasmagórico já citado, esqueça cenas de extrema violência. Contente-se com um belíssimo filme de arte fantástico que só o cinema do Japão pode conceber.
NOTA DE TERROR-6
DIVERSÃO-7
VIOLÊNCIA-3
CRIATURA-ESPÍRITOS
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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